Quando falamos em benefício e saúde do trabalhador, grande parte das situações vivenciadas atualmente, são exatamente as mesmas antes da pandemia, porém mais evidentes. A insustentabilidade do modelo, baixa entrega de valor, o altíssimo custo, são resultados do desalinhamentos de interesses dos stakeholders que pouco ajustes fizeram para suprir os problemas. Ainda tratados de maneira distintas, planos de saúde e saúde ocupacional estão neste momento sendo tratados dentro das empresas, da mesma forma que foram nos últimos 10 anos: troca de prestadores com o mesmo modelo, sendo esta mudança motivada apenas para redução de custo. Então nesta situação, como as empresas poderão gerenciar o grande desafio ?
Definição de 3 métricas
Em um segmento, onde poucas métricas foram definidas/mensuradas durante um longo período, iniciar com vários indicadores (KPI”s) de muitos stakeholders, e principalmente considerando a grande quantidade de variáveis, dentro de diferentes perfis populacionais, irá simplesmente trazer mais complexidade. Entre as principais possibilidade, inclusive com aplicabilidade no curto/médio prazo, incluindo benefício/saúde ocupacional, sugiro as mensurações:
- Sinistralidade
- Número de afastados
- FAP (fator acidentário de prevenção)
Apesar de parecerem métricas não integradas, ou até mesmo que já são mensuradas e estão na mesa há um bom tempo, em nossa experiência de mercado, poucas empresas sabem exatamente a composição de tais números, e este é fundamental para estruturação de ranges a serem buscados no plano de ações.
Vamos entrar em breves detalhes sobre cada um deles
Sinistralidade
Refere-se a despesa assistencial, ou seja, o recurso financeiro dentro do premio pago as operadoras, que são destinados a pagar consultas, exames, procedimentos, etc. De maneira geral, grande parte deste recurso é destinado a despesas hospitalares. Porém o mais importante, é que sejam levadas essas informações para uma estruturação afim de gerar dashs, cruzando dados essenciais com o deployment de toda codificação gerada por esses atendimentos. Com equipe treinada para tal, é possível definição de base do perfil populacional, um dos pontos essenciais para estruturação de linhas de cuidados específicas, já voltadas com diferentes modelos de remuneração, bem como métricas focadas em desfechos dentro dessas linhas. Resumindo, entender o porque da sinistralidade 80%, 90% ou 110%.
Número de afastados
A experiência de campo mostrou que grande parte das empresas, principalmente aquelas acima de 500 colaboradores, tem um número considerável de afastados, por motivos de saúde, sendo remunerados pela previdência social, por 2 , 3 4 e até 5 anos ! Este colaborador ainda pertence ao quadro de funcionários da empresa, está tendo acesso ao benefício (plano de saúde, PBM, etc) e geralmente sinistrando acima de colaboradores ativos, pois foi afastado por doença de natureza acidentária. Este simples número, precisa ser traduzido e também submetido a um detalhamento, verificar os principais motivos, setores, perfil das pessoas afastadas, entre outros. Ponto muito importante, é a estruturação dentro do departamento de recursos humanos ou específico, de um pequeno time responsável por esta atuação e BPO.
Fator acidentário de prevenção
Desde 2010, o FAP é um grande indicador de saúde e segurança no trabalho. Considera fatores como gravidade, rotatividade, custos e frequência dos eventos que geraram afastamentos/benefícios concedidos pela previdência. O governo, estruturou a plataforma que deixa de maneira muito clara a composição do indicador, os fatores que levaram a faixa bônus ou malus, bem como todos os eventos que por 2 anos irá impactar de maneira considerável (aplicado sobre massa salarial de toda empresa). Infelizmente, pouca atenção foi dispensada a um indicador tão importante, os times financeiro/jurídico/recursos humanos não definiram exatamente quem seria o responsável por tal.
Agora, ele passa a ter uma relevância ainda maior. Esta vindo dentro dos cenário de relações com investidores/mercado, conceito de ESG, na qual a mensuração através deste indicador, pode comprovar ou não a geração ou proteção de valor, considerando empresas que fazem parte de um mesmo grupo econômico.
A intenção foi descomplicar e estruturar métricas simples, tangíveis e que já gerariam um plano de ações sólido e muito pragmático.